O Coletivo de Dois é formado pelo goiano Hugo Mor, 33 anos e pelo paulistano Daniel Barranco, 42 anos. Dois estilistas com duas formações diferentes, Daniel era da área do design gráfico e Hugo já atuava na moda. Foi formada em 2014, quase por acaso, quando o recém formado casal resolveu largar as outras ocupações profissionais para se dedicar a uma marca de roupas autoral e livre dos rótulos do mercado, com modelagens amplas e unissex.


A primeira coleção foi feita em Goiânia. Foram 127 peças todas feitas com os tecidos que tinham à mão, e comprados de retalhos no bairro de Campinas, tradicional ponto têxtil de Goiânia. Hugo já possuía uma máquina de costura overlock, a famosa chinesinha, e com 500 reais investiram em materiais e vieram para São Paulo vender as primeiras peças em feiras e bazares.


No começo de Dezembro de 2014, surgiu a primeira oportunidade de ter um ponto fixo todos os sábados na Avenida Paulista, em uma feira que ocorre no Shopping Center 3. Foi uma grande chance de espalhar as propostas da marca e de cativar um público eclético, e de todas as idades. Nesse período criaram o vestido Robozinho, feito de uma combinação geométrica de retalhos simétricos. Virou uma peça chave, que não pode faltar na arara.


Quando terminou o contrato de seis meses da feira, estava acontecendo bazares gratuitos no Minhocão, e foi um divisor de águas: o público que não frequenta shopping apareceu e aceitou a proposta da marca de forma definitiva e carinhosa. Artistas, jornalistas, stylists, empreendedores. Foi aí que o casal decidiu arriscar e empreender um pouco mais e alugaram um atelier no centro da cidade, em um prédio histórico de 90 anos, em plena Avenida São João.


Depois de 2 anos no atelier, fazendo feiras e bazares (como o Mercado Mundo Mix, Mercado Afro, Calefação Tropicaos, Dia do Grafite, Festival Órbita, Mega Artesanal, Slow Market, Feira Burda, Jardim Secreto, Pop Plus, que é o maior do Brasil especializado em moda plus size, e destaque para a Feira Cultural LGBT+, que ocorre há 18 anos no Vale do Anhangabaú e tem um público de mais de duzentas mil pessoas e que consagrou o moletom Arco Íris como uma peça de resistência da comunidade LGBT+), um novo passo foi dado e a primeira loja foi aberta em 10 de agosto de 2017, na Galeria Ouro Fino, tradicional ponto de moda alternativa de São Paulo.


Com o compromisso da marca pelo uso dos retalhos e reutilização de tecidos até o limite, pelo empoderamento de gênero, e pelas práticas sustentáveis, receberam o prêmio EcoEra em novembro de 2018, trazendo um grande reconhecimento pelo trabalho feito.


O Coletivo de Dois acredita cada vez mais no mercado de moda sustentável. Até o momento, todas as peças foram criadas, cortadas e costuradas por eles mesmos, sem uso de nenhuma mão de obra externa. Já produziram mais de 2000 peças nesses 4 anos de atividade, reaproveitando por ano 150 kg de tecidos que iriam para o descarte, nesses 4 anos são 600 kg de tecidos que não foram descartados nos lixões. Parece pouco mas se cada marca fizer a sua parte, teremos um mundo melhor!



Coletivo de Dois

Hugo Mor e Daniel Barranco